A Enciclopédia Britânica anunciou na última quarta-feira o fim de sua
versão impressa. Depois de 244 anos no mercado, a empresa – que desde
1901 está nas mãos de americanos, e não mais de ingleses – decidiu
abraçar as tendências do século XXI e se dedicar à sua versão online,
que promete ser uma boa concorrente da Wikipédia. Enquanto isso, no
Brasil, nesse mesmo dia, a Enciclopédia Barsa lançou no mercado sua
edição impressa de 2012.
Britânica e Barsa têm o mesmo DNA. Em 1964, quase dois séculos depois
de seu surgimento, a Enciclopédia Britânica ganhou uma edição em
português. Dorita Barret, filha de um dos proprietários da empresa, veio
morar no Brasil na década de 1950. Iniciou sua carreira vendendo
originais da Britânica – na época, o Brasil era o quinto país que mais
consumia essas enciclopédias. Decidida a fazer um produto em português,
Barret não sossegou até conseguir autorização para que a obra fosse
genuinamente brasileira. Não aceitava a ideia de simplesmente
traduzi-la, já que o espaço destinado ao Brasil teria apenas seis
páginas, enquanto aos Estados Unidos estavam reservadas seiscentas.
Depois de anos de negociação, o resultado foi o lançamento da
Enciclopédia Barsa, que preserva, desde sua primeira edição, um conteúdo
independente da Britânica. No corpo editorial, estavam Jorge Amado,
Antônio Calado e Oscar Niemeyer, entre outros intelectuais brasileiros.
Desde 2005, a Barsa é propriedade do grupo espanhol Barsa Planeta,
que tem um escritório brasileiro sediado no bairro da Água Branca, em
São Paulo. Sandra Cabral, diretora de marketing da empresa, garante que
os brasileiros ainda vão poder folhear a enciclopédia por um bom tempo:
“Há 48 anos, a Barsa é todo ano reeditada e as vendas não caem”. Nos
últimos três anos, segundo informações prestadas pela própria Sandra, a
venda média anual foi de 70 mil unidades. De todo o modo, a empresa não
deixa de investir na versão online e nos CD-ROMs, que são complementos
dos livros de papel. “Nós acreditamos na pesquisa reflexiva, feita
dentro de bibliotecas”, diz ela. “Mas também sabemos da importância do
conteúdo online”.
Sandra afirma que até a má fama dos vendedores de enciclopédias –
durante um tempo, o termo era usado pejorativamente como “pessoa chata,
insistente” – não existe mais. “Esse estigma foi criado por causa dos
vendedores de antigamente, mas hoje em dia isso é diferente. A nossa
equipe é treinada para expor o conteúdo do produto. Eles chegam às casas
com notebooks e simulam pesquisas usando o CD-ROM aliado à versão
impressa”.
Para os interessados, um aviso: é preciso reservar um bom espaço na
prateleira. As 10 mil páginas, distribuídas nos 18 volumes da edição de
2012, ocupam meio metro de estante. A Enciclopédia Barsa completa sai
por cerca de R$ 3.000,00 (o preço varia conforme o modelo de capa
escolhido).
(Texto originalmente escrito por Marcelo Duarte, com colaboração de Júlia Bezerra; publicado no Blog "Curiocidade", de Estadão.com.br. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/curiocidade/a-enciclopedia-barsa-vai-muito-bem-obrigado/. Acesso em 30 jul. 2012)
Muito boa essa matéria. Gosto de folhear um bom livro, de olhar para a estante e ter orgulho de ter o "meu" livro ali, um livro que gosto muito. Mas convenhamos que muitos volumes ocupa muito espaço, e para quem tem um apto pequeno é difícil. Aí entra a praticidade do conteúdo online (entre outras praticidades, como poder levá-la para qq lugar). Sinto um misto de pesar/contentamento. Definitivamente o futuro é digital, eu sou bem digital, mas tbm sou do tempo de "pegar com as mãos". E é difícil desapegar.
ResponderExcluirConcordo plenamente contigo. Eu mesmo, tenho muitos livros. Quando fiz mudança foi um horror para conseguir transportar tudo. A iniciativa de transpôr uma coletânea de 18 volumes e aproximadamente 6000 páginas para um CD ou para a internet é uma forma de condensar o conhecimento a um tamanho menor. Fora que é mais econômico em termos financeiro e ecologicamente correto....
ResponderExcluirVamos desapegar e se adequar ao futuro! :)
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