quarta-feira, 21 de abril de 2021

VISÕES DO ARROIO GRANDE

Olá, caros leitores do blog, saudades de todos. 

Na sequência, compartilho com vocês 'Visões do Arroio Grande', coletânea de fotografias divulgadas em rede social entre os meses de agosto e setembro de 2019. Espero que apreciem.

Vetusto prédio situado à esquina das Ruas Zeca Maciel e Doutor Monteiro.

Prédio situado à esquina das Ruas Dom Pedro II, esquina Herculano de Freitas.

A torre da Igreja Matriz, captada desde os fundos do quarteirão, pela Rua Dom Pedro II.

"Choveu na roseira": vetusto prédio situado à Rua Zeca Maciel, esquina Júlio de Castilhos.

A torre da 'Voz dos Pampas', antigo meio local de difusão de notícias, captada desde o canteiro central  da Rua Osmar Machado, em tarde primaveril.

Icônico prédio central, situado à Rua Dr. Dionísio de Magalhães, esquina com a Rua Júlio de Castilhos.

Esquina das Ruas Osmar Machado e Marechal Floriano.

A torre da Igreja Matriz, captada desde a Avenida Nossa Senhora das Graças.

Outro registro da 'Voz dos Pampas': desta vez, o contraste da torre com o sol vespertino.

Jardim da 'Chácara das Camélias', situada à Avenida da Saudade. 

Todos os registros foram realizados na zona urbana do Município de Arroio Grande/RS, Brasil.

Espero que tenham apreciado. 

Até a próxima!

A FLOR DOS CAMPOS NEUTRAIS - II


Do navio se avistava ao longe a enseada e o Porto de Pipas, na Ilha Terceira, no Açores. Jeremias observava pelo convés do navio a embarcação aproximar-se da costa, ansioso por chegar à sua terra natal. Havia sido uma viagem muito longa; desde aquele domingo em que esteve no Curato de Nossa Senhora da Graça do Arroio Grande e reencontrou velhos conhecidos, não pensara em mais nada senão ir, o mais breve possível, ao encontro de Aurora. Obstinado pela ideia, em pouco tempo juntou uma quantia suficiente para deixar suas questões locais em ordem e partiu, através do Porto de Rio Grande, na direção dos Açores e de sua amada. Ao atracar em terra firme, Jeremias foi na direção da residência de seus familiares, em que foi recebido com um abraço caloroso de todos; após, partiu em busca de sua flor, Aurora. Ao encontrá-la, os dois se olharam e perceberam que o afeto que sentiam um pelo outro ainda estava vivo e cada vez mais fortalecido. Em pouco tempo, casaram e navegaram para o novo continente, de onde não mais retornariam. Ao chegar no cais do Porto de Rio Grande, acompanhada de Jeremias, Aurora encantou-se com a nova terra que a partir de então seria sua morada; na viagem rumo à propriedade do casal, a jovem observava atentamente a paisagem, encantada com o verdor dos imensos campos que compunham a planície litorânea do sul do Continente de São Pedro: nunca havia presenciado um cenário sequer parecido com aquele. Sentia que, naquelas terras, Jeremias e ela seriam muito felizes. O tempo passou; o moço, agora acompanhado de sua flor dos campos neutrais, muito trabalhou, incentivado e esperançoso por um futuro belo e promissor ao lado de Aurora. A luta foi árdua; ambos dedicaram muito de si e, consequentemente, fizeram melhoramentos na propriedade, desenvolvendo-a. Começaram, assim, a produção de charque, o que lhes garantiu o sustento. Tiveram três filhos, dois meninos e uma menina – Clara, João e Pedro –, os quais, a medida que cresciam, participavam cada vez mais da rotina de trabalho dos pais, aprendendo, assim, a valorizar o laboro e todas as conquistas a eles legadas. Seguidamente, Jeremias e Aurora, acompanhados dos filhos, faziam percurso a bordo de uma carreta à então Freguesia do Arroio Grande, com a finalidade de visitar os conhecidos e acertar algumas questões relativas aos negócios da família. Observavam o quanto crescia, a passos largos, aquele povoado; o casario aumentava em número e a população acompanhava o ritmo de crescimento. Mais frequentemente, a família frequentava a vila de Santa Isabel, pelo fato de ser muito próxima da propriedade em que moravam. O local passava por uma onda de prosperidade, por vezes mais intensa que a da Freguesia do Arroio Grande; o comércio desenvolvia-se com certo fôlego, o porto funcionava com devida frequência, as casas, em certo número, dispunham de alguns luxos e requintes somente vistos a muitas léguas dali; a vila possuía, ademais, um rígido código de posturas, definindo, dentre muitas disposições, o traçado e largura das ruas e calçadas – algo muito avançado para a época. Até mesmo o Imperador e sua comitiva visitaram a vila – ocasião na qual Jeremias e sua família no local estavam e presenciaram o evento –. Os anos corriam com alegria e felicidade para aquele casal e seus filhos; estes, agora adultos, zelavam pelos pais, a quem a velhice encontrou. Estava, agora, a família toda residindo na freguesia, em uma casa de boas condições – os negócios estavam equilibrados, o que lhes permitiu certas concessões –. Participavam, todos eles, da missa alusiva à emancipação da nova Villa do Arroio Grande, que surgia em lugar da freguesia. Durante a celebração, Jeremias e Aurora se olhavam, olhos nos olhos; ambos, felizes e emocionados, lembravam com saudosismo de tudo pelo que passaram juntos. Afinal, a trajetória havia valido a pena...

*Uma ficção de Elizandro Rodrigues. Publicada originalmente na Coluna dos Defensores do Patrimônio Histórico e Cultural de Arroio Grande, Jornal Correio do Sul, em 08.11.2019. Foto ilustrativa - acervo de imagens do Google.