quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Arte do "Recorta, Remonta, Ressignifica" Proposta pelo Dadaísmo

Olá! Hoje trago um tema que, no âmbito acadêmico, sempre me intrigou: "Afinal, o que viria a ser o tal Dadaísmo??" Isso me instigou em fazer uma pesquisa acerca do tema, tendo em vista que muitos textos de crítica literária, principalmente os que são voltados ao período das vanguardas e do modernismo. 

Pois bem, aí vai. O movimento Dadá (Dada) ou Dadaísmo foi um movimento artístico da chamada vanguarda artística moderna, iniciado em Zurique, em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, no chamado "Cabaret Voltaire". Tal movimento era formado por um grupo de escritores, poetas e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço militar alemão, liderados por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp.

Embora a palavra "dada" em francês signifique "cavalo de madeira", sua utilização marca o non-sense ou falta de sentido que pode ter a linguagem (como na fala de um bebê). Para reforçar esta ideia foi estabelecido o mito de que o nome foi escolhido aleatoriamente, desta forma, abrindo-se uma página de um dicionário e inserindo-se um estilete sobre ela. Isso foi feito para simbolizar o caráter antirracional do movimento, claramente contrário à Primeira Guerra Mundial e aos padrões da arte estabelecida na época. Em poucos anos o movimento alcançou, além de Zurique, as cidades de Barcelona, Berlim, Colônia, Hanôver, Nova York e Paris. Muitos de seus seguidores deram início posteriormente ao surrealismo e seus parâmetros influenciam a arte até hoje.

No seu esforço para expressar a negação de todos os valores estéticos e artísticos correntes, os dadaístas usaram, com frequência, métodos deliberadamente incompreensíveis. Nas pinturas e esculturas, por exemplo, tinham por hábito aproveitar pedaços de materiais encontrados pelas ruas ou objetos que haviam sido jogados fora.

Foi na literatura, porém que a ilogicidade e o espontaneísmo alcançaram sua expressão máxima. No último manifesto que divulgou, Tzara disse que o grande segredo da poesia é que "o pensamento se faz na boca". Como uma afirmação desse tipo é evidentemente incompreensível, ele procurou orientar melhor os seus seguidores dando uma receita para fazer um poema dadaísta, que segue abaixo:

- Pegue um jornal.
- Pegue a tesoura.
- Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
- Recorte o artigo.
- Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
- Agite suavemente.
- Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
- Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
- O poema se parecerá com você.
- E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.

Quem já não ouviu falar na "Fonte", do artista francês Marcel Duchamp? Ela e seu Duchamp foram os precursores do Dadaísmo, bem como do que veio a se conhecer como "pop-art" e "op-art", nos anos 50 e 60, que têm como seu maior expoente Andy Wharol. Mas aí já é outra conversa.

A Fonte, obra que fez repercutir o nome de Duchamp ao redor do mundo - especialmente depois de sua morte -, está baseada no conceito de ready made: pensada inicialmente por Duchamp (que enviou-a com a assinatura "R. Mutt" -fábrica que produziu o urinol-, lida ao lado da peça) para figurar entre as obras a serem julgadas para um concurso de arte promovido nos Estados Unidos, a escultura foi rejeitada pelo júri, uma vez que, na avaliação deste, não havia nela nenhum sinal de labor artístico. Com efeito, trata-se de um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de construção e assim mesmo enviado ao júri, entretanto, a despeito do gesto iconoclasta de Duchamp, há quem veja nas formas do urinol uma semelhança com as formas femininas, de modo que se pode ensaiar uma explicação psicanalítica, quando se tem em mente o membro masculino lançando urina sobre a forma feminina.

Com base nestas novas posturas diante da arte é que o Dadaísmo se firmou. Num momento em que o mundo, em especial a Europa, passava por um estado de incertezas, o Dadaísmo vem de encontro a estas, a fim de tentar explicar o que estava acontecendo, bem como uma tentativa de firmamento no campo das artes. Embora muitas das propostas dadaístas pareçam infantis aos nossos olhos "modernos", precisamos levar em consideração o momento em que surgiram. Não é difícil aceitar que, para uma Europa caótica e em guerra, insistir na falta de lógica e na gratuidade dos acontecimentos deixa de ser um absurdo e passa a funcionar como um interessante espelho crítico de uma realidade incômoda.

Bom, chega de texto. Agora vem a parte que mais agrada aos nossos olhos. Trago abaixo uma seleção de fotos, que se inspiram no movimento dadaísta. Apreciem-nas. São ricas em significados.







Até a próxima postagem!!!

7 comentários:

  1. Lindo Post amigo! Sou fã do no sense...tipo adoro Alice no pais das maravilhas!!!

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  2. Obrigado amiga!!!Q bom q vc gostou!! Beijos!!!

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  3. Oi gostei, do poste, mas você poderia me dizer o nome do artista da segunda imagem, em que a menina esta lendo um livro e o cobertor dela e uma cachoeira, por favor eu preciso urgente do nome pois estou fazendo um trabalho e coloquei essa imagem, e preciso do nome do artista.

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  4. qual o significado da imagem q tem uma "pessoa" segurando a bandeira da alemanha??

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  5. Olá Gabriel, obrigado pelo comentário. Em relação à imagem a que você se refere, vale salientar que o Dadaísmo foi um movimento que promoveu um novo viés estético à arte. Em face da sua proposta e do contexto em que este surgiu e levando em consideração, ainda, o fato de que se podem fazer várias leituras (portanto, vários significados) diante das obras produzidas durante este movimento, penso que uma das leituras possíveis de ser realizada direciona-se às tensões entre a política mundial, o desenvolvimento acelerado das metrópoles e o cenário da guerra (ainda sob forte presença no subconsciente coletivo) daquele momento. A bandeira alemã, neste contexto, surge como representação política e histórica da vida social daquele período, vista a presença e influência muito fortes da Alemanha em todos os setores da Europa durante o início do século XX até o fim da Segunda Guerra. Espero ter clarificado através de meu olhar sobre a obra! Mais uma vez, agradeço o comentário!

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