Por Elizandro Rodrigues
de Rodrigues
Recentemente, a Srª Nádia Costa Botelho das Neves defendeu
seu Artigo de Especialização junto ao Programa de Pós-graduação da Unipampa,
intitulado “Língua Espanhola pelas Fronteiras de Gumercindo Saraiva”,
resultante de uma pesquisa sobre esta importante figura histórica, visando sua
aplicabilidade no ensino local. Nádia figura num grupo pequeno de pessoas de
nossa cidade que pesquisam sobre Gumercindo, razão pela qual a entrevistei,
cujo relato segue.
Gumercindo Saraiva,
além de um personagem histórico, é nome de uma das ruas aqui de Arroio Grande.
Antes de realizar a pesquisa, você já tinha conhecimento da figura histórica?
De que forma?
Antes não o conhecia, mesmo figurando como nome de uma rua.
A associação do nome da rua com a figura histórica se deu quando li o texto Fronterizos, de John Chasteen, momento
em que acabei fazendo relação direta do personagem com o logradouro. Isso gerou
questionamentos que me conduziram a dialogar com meu orientador, buscando fazer
uma pesquisa sobre esse vulto histórico.
Conte sobre sua
experiência em pesquisar a respeito de Gumercindo Saraiva para elaborar seu
trabalho.
Foi uma experiência bastante gratificante, pelo fato de aprender
ainda mais sobre a história. Isso só foi possível pelo auxílio que tive de meu
orientador e das obras que li a respeito de Gumercindo Saraiva. O que mais me
chamou a atenção foi o caminho que ele percorreu, desde jovem, para se
transformar nesta figura de tamanha relevância histórica.
O cerne da sua
pesquisa visou contemplar um trabalho em sala de aula a partir de elementos
histórico-culturais. Como vês hoje, por parte dos jovens, a valorização das
pessoas que fizeram a história de nossa cidade?
Estamos dentro de uma
fronteira, mesmo que não percebamos; essa fronteira nos agracia principalmente
no nosso léxico, pois usamos muitas expressões oriundas do espanhol. Pelo fato
de fazermos parte desta fronteira, tive como enfoque o fato de não darmos tanto
valor à língua espanhola, que deveria ser mais explorada. Não creio que os
jovens tenham o devido conhecimento das figuras históricas; mas não é culpa
deles, mesmo porque desenvolver o gosto pela literatura é um trabalho árduo, e,
na maioria das vezes, às outras áreas do conhecimento é dada maior importância.
Se não se repensar a maneira como são vistos o espanhol e a literatura, como
esperar que estes jovens adquiram este conhecimento e valorizem quem foram os
baluartes que formaram o Arroio Grande?
Ao momento em que
terminastes o teu artigo acadêmico, como passastes a relacionar Gumercindo e o
Arroio Grande?
Passei a admirá-lo ainda mais, e, ao mesmo tempo, sentir uma
parcela grande de pesar, pois até o momento não vi nada mais a lembrar que ele
foi um cidadão arroio-grandense, uma figura histórica de relevância. Nós,
enquanto cidadãos, estamos omissos, pois nada se tem feito para rememorá-lo.
Acredito que agora que temos os Defensores [do Patrimônio Histórico e Cultural
de Arroio Grande], esta falta para com Gumercindo Saraiva será sanada.
*Entrevista publicada originalmente na coluna dos DEFENSORES-AG, do Jornal Correio do Sul, Arroio Grande/RS, em 16.06.2016.
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