domingo, 30 de junho de 2013

200 anos de Richard Wagner - E a "Cavalgada das Valquírias" - E "O Coração das Trevas" - E a "Operação Valquíria"

Olá! Há exatos duzentos anos, nascia, no número 3 de uma célebre artéria comercial de Leipzig (Alemanha) o nono filho de Carl Friedrich Wagner, funcionário da polícia (apesar de subsistirem dúvidas sobre a sua paternidade), e de Johanna Rosine, filha de um padeiro. Dois séculos depois, o que então foi um acontecimento que passou despercebido, toma dimensões de efeméride à escala global. Afinal, em Richard Wagner (1813-1883) reconhecemos um dos nomes maiores da história da música e referência de primeiro plano no universo da ópera.
 
 
Sua produção artística consagrou-se ao longo do tempo, inspirando novos compositores e outros segmentos da arte e da sociedade. Nas artes, por exemplo, o diretor Francis Ford Coppola, ao filmar a produção cinematográfica "Apocalipse Now", em 1979, utiliza-se da composição "A Cavalgada das Valquírias" como tema de fundo para as cenas do ataque da força aérea norte-americana a um povoado vietnamita, conforme o vídeo a seguir.


Ao falar em "Apocalipse Now", não podemos deixar de mencionar que a produção de Coppola faz alusão à obra literária de Joseph Conrad, "O Coração das Trevas", que vem a narrar a chacina ocorrida no Congo Belga.

 

As remissões a Wagner não param somente nas telas do cinema; inspiram também movimentos sociais. Durante a Segunda Grande Guerra (1939-1945), uma legião de soldados alemães, comandados pelo Coronel Claus Schenk Graf von Stauffenberg, une-se no propósito de assassinar Adolf Hitler, então chefe maior do III Reich. Tal atentado recebeu o nome de "Operação Valquíria", em virtude da inferência à música de Wagner. Em 2008, a história deste atentado foi trazida às telas do cinema no filme "Operação Valquíria" (Valkyrie), sob direção de Bryan Singer, no qual o ator Tom Cruise interpreta o Coronel Stauffenberg. Abaixo, segue o trailer do filme.
 
À esquerda, cartaz do filme "Valkyrie", de 2008. À direita, foto do Coronel Claus Schenk Graf von Stauffenberg, que liderou, à época, a Operação Valquíria.
 
Utilizando-me de um clichê, que que foi apresentado acima constitui-se apenas como "a ponta do iceberg". A influencia wagneriana não fica restrita somente ao que foi apresentado acima; estende-se por outros setores da produção artístico-cultural e da sociedade, bem como da crítica. Depois de passar por Vagner e perceber a influência do compositor na produção artística e nas manifestações sociais que ocorreram ao longo da história, espero que tenham gostado da postagem. Até a próxima!
 
 

O Poeta Fingidor: 125º Aniversário de Nascimento de Fernando Pessoa

Neste mês de junho que está a terminar, mais precisamente aos seus 13 dias, comemorava-se o 125º aniversário de nascimento do Sr. Fernando António Nogueira Pessoa. Este senhor, mais conhecido por Fernando Pessoa, é um dos maiores poetas da literatura portuguesa. Conhecido pelos seus heterônimos, este poeta possui uma vasta obra publicada e muito a explorar de seus escritos. Calcula-se que aproximadamente 30% de sua produção, mantida em acervo, ainda não foi disponibilizada ao público.
 
 
Por sua vez, este blog homenageia-o trazendo não seus heterônimos, e sim as várias formas que este foi representado através da imagem através de uma síntese de fotos, acompanhada de algumas passagens de seus escritos publicadas no Jornal Diário Popular, na data acima mencionada.
 
 
Em janeiro, a revista BRAVO! publicou uma reportagem sobre o poeta, a qual tratava sobre partes do acervo deixado pelo escritor que ainda não haviam sido publicadas. A capa (que segue abaixo), foi produzida promovendo o imbricamento de uma caricatura do poeta em meio a azulejos, estilo arquitetônico de decoração das fachadas das antigas casas de Portugal que virou marca identitária portuguesa. A reportagem e a capa, que levam o título de “As Novas Casas de Fernando Pessoa”, promove ao leitor a remissão à ambientação portuguesa atrelada à produção do poeta, ao mesmo tempo que evidencia a presença tradição em constante confronto com a ruptura.
 
Capa da revista BRAVO! do mês de janeiro/2013. Origem: Facebook.
 

Abaixo, a seleção de imagens e escritos do poeta fingidor.
 



 
“Irrita-me a felicidade de todos estes homens que não sabem que são infelizes. A sua vida humana é cheia de tudo quanto constituiria uma série de angústias para uma sensibilidade verdadeira. Mas, como a sua verdadeira vida é vegetativa, o que sofrem passa por eles sem lhe tocar na alma, e vivem uma vida que se pode comparar somente à de um homem com dor de dentes que houvesse recebido uma fortuna – a fortuna autêntica de estar vivendo sem dar por isso, o maior dom que os deuses concedem, por que é o dom de lhes ser semelhante, superior como eles (ainda que de outro modo) à alegria e à dor. Por isto, contudo, os amo a todos. Meus queridos vegetais!”


 

“Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor,
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda,
Gira, a entreter a razão,
Este comboio de corda
Que se chama coração.”



 
“A maior acusação ao romantismo não se fez ainda: é a de que ele representa a verdade interior da natureza humana. Os seus exageros, os seus ridículos, os seus poderes vários de comover e seduzir, residem em que ele é a figuração exterior do que há mais dentro da alma, mas concreto, visualizado, até possível, se o ser possível dependesse de outra coisa que não o destino.”
 
 

Espero que tenham gostado! Até a próxima!!!